SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Fungos e bactéria causam doenças em plantações de mandioca em terras indígenas do Amapá

Fungos e bactéria causam doenças em plantações de mandioca em terras indígenas do Amapá

Medidas emergenciais para atender os indígenas foram anunciadas pelo Governo do Estado

Compartilhe:

Três fungos e uma bactéria são apontados como causadores de doenças em plantações de mandioca nas terras indígenas de Oiapoque, no norte do Amapá. Estudos identificaram que as pragas atingem todas as áreas de plantio e impactam quase toda a produção de farinha, o que contribui para a insegurança alimentar dos povos indígenas da região. O fato levou o Governo do Estado a decretar situação de emergência, com ações de enfretamento ao problema.

A mandioca é a base da alimentação das comunidades indígenas, distribuídas em 66 aldeias e uma população estimada em mais de 10 mil pessoas. As infestações nas plantações acontecem há, pelo menos, 10 anos na região, enfraquecendo o solo, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No entanto, houve um aumento brusco e significativo das doenças infecciosas, causando um colapso na produção da mandioca e dos derivados.

“A gente sabe que são vários fatores que impactaram a fonte da farinha da região de Oiapoque, que era bastante vendida. O que está acontecendo é bem triste. A farinha é a base da alimentação da população indígena. Por isso, já temos ações a curto prazo que vão atender quem mais precisa nesse momento”, citou a secretária dos Povos Indígenas, Sônia Jeanjacque.

O documento, publicado no Diário Oficial do Estado na quinta-feira, 20, permite as providências administrativas, legais e operacionais necessárias para os povos das regiões conhecidas como Rio Kuripi, BR-156, Rio Urukawá, Rio Uaçá e Rio Oiapoque.

“Vamos entregar cesta de alimentos personalizadas para os povos indígenas, respeitando as necessidades das crianças, dos idosos e das grávidas. Também levaremos os programas sociais emergenciais, inclusive com transferência de renda aos agricultores. Estamos preparados para levar assistência e segurança alimentar até que se encontre a solução”, pontuou a secretária de Assistência Social, Aline Gurgel.

As ações respeitam o protocolo de consultas das quatro etnias de Oiapoque, que descreve como as 53 aldeias da região devem ser consultadas em situações que as afetem diretamente, conforme prevê o Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO).

Lideranças indígenas expuseram suas dificuldades e agradeceram o apoio dado pelo Governo do Estado

“É muito importante a atenção do governo. As pragas nas nossas roças são uma grande preocupação para nós, indígenas. A mandioca, a farinha e seus derivados são fontes de alimento, fontes de renda. Sem isso, a gente fica sem nada”, pontuou o cacique Edmilson Oliveira, presidente do CCPIO.

Outra medida anunciada pelo governo é a introdução de sementes de mandioca mais resistentes às pragas e doenças em novas áreas, que começaram a ser definidas por líderes indígenas, técnicos e engenheiros agrônomos.

A Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) adquiriu 62,5 mil manivas-sementes e doou o material para a Embrapa, que vai trabalhar as sementes para fazer o combate de pragas e doenças e para aumentar a produção de raízes na região do Oiapoque.

Compartilhe: