Dois policiais penais foram presos na manhã desta quinta-feira, 10, pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Estadual (MP-AP), acusados de facilitar a entrada de materiais ilícitos no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Um empresário, um nutricionista e a mulher de um detento também foram alvos de mandados de prisão por envolvimento no esquema.
De acordo com a investigação, o grupo é responsável pelo envio de drogas, armas, aparelhos eletrônicos e outros objetos para dentro do sistema prisional. A operação de hoje é desdobramento da apreensão de 11 quilos de material entorpecente, 48 celulares, um revólver e 66 munições, no dia 4 de fevereiro de 2022. Na época, uma nutricionista, que atuava na cozinha do Iapen, e um detento, acabaram presos.
Segundo a PF e MP, a mulher foi uma das responsáveis pela entrada do material na cozinha do complexo penitenciário no dia 01 de fevereiro e manteve ocultado até o dia em que foi descoberta, enquanto o detento teria a incumbência de fazer chegar aos pavilhões.
Nessa ação, a PF verificou fortes indícios de participação de um policial penal que no dia dos fatos, saiu do seu posto de trabalho na portaria e se dirigiu para a sala de scanner, e no local, deliberadamente, não ligou o sistema de gravação de passagem dos objetos. Outro policial penal não realizou a contento a inspeção do veículo com o material ilícito, quando da entrada na portaria, fazendo vista grossa para a entrada do material.
A PF identificou ainda fortes indícios de fraude no contrato de prestação de serviço de alimentação dos presos, com a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, tendo em vista que houve um ajuste na planilha de valores da alimentação, para a compra de um ar condicionado no valor de R$ 3 mil para uma servidora do Iapen.
Os indícios apontaram que a responsável pela contabilidade das refeições no presídio acrescentou refeições fictícias até o valor de R$ 3 mil (embutindo no preço) para justificar a compra do aparelho. Com isso, a PF verificou que há indícios de superfaturamento no contrato de prestação alimentícia do Iapen, para pagamento de vantagens indevidas a servidor do sistema penitenciário. Descobriu-se ainda, fortes indícios da prática de fornecimento de alimentação diferenciada para alguns presos, sem justificativa plausível relativa à restrição alimentar (dieta).
Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, em Macapá e Santana, em residências e na empresa de um dos investigados. Eles poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e prevaricação.